Design Especulativo com Teorias do Emaranhado

O Design Especulativo surge como uma abordagem inovadora que não se limita a projetar soluções imediatas, mas cultiva a capacidade de imaginar futuros alternativos (Dunne e Raby, 2013), antecipar implicações e ampliar a responsabilidade ética e sociotécnica envolvida no ato de projetar não apenas artefatos, mas também cenários e valores que desafiam o presente e fomentam novas formas de pensar o futuro (BBarendregt e Vaage, 2021).

Partindo desse horizonte, o grupo de pesquisa SaLT – Social and Learning Technologies, do Programa de Pós-Graduação em Informática da UNIRIO vem pesquisando o Design Especulativo como uma abordagem de Design Mais que Humano (DMqH), baseado em Teorias do Emaranhado.

O Design Mais que Humano (DMqH) emerge justamente como uma resposta radical às limitações do paradigma tradicional centrado no humano, oferecendo uma lente crítica indispensável para enfrentar desafios contemporâneos e emergentes, como o transumanismo, que defende a superação dos limites biológicos humanos por meio de biotecnologias, e o pós-humanismo, que desconstrói a centralidade ontológica e moral do humano (Key et al., 2022).

É nesse ponto que as Teorias do Emaranhado (Frauenberger, 2019) tornam-se relevantes. Elas compõem um conjunto de perspectivas filosóficas e sociotécnicas que defendem a inseparabilidade entre realidade, conhecimento e ética. Em contraste com visões que mantêm fronteiras rígidas entre natureza e sociedade, sujeito e objeto, humano e tecnologia, essas teorias afirmam que todos esses elementos se coconstituem em relações contínuas. Nesse campo, destacam-se quatro vertentes principais: Teoria Ator-Rede, Realismo Especulativo, Realismo Agencial e Pós-Fenomenologia.

O Sociotechnical Entanglement Framework (SEF) é um arcabouço teórico-metodológico, desenvolvido pelo SaLT, que articula as Teorias do Emaranhado ao Design Especulativo. Seu propósito é oferecer suporte à análise e à intervenção em ecossistemas sociotécnicos por meio de um conjunto de ferramentas que permitem mapear, especular e intervir nesses contextos. Fundamentado em uma perspectiva pós-antropocêntrica, o SEF reconhece humanos e não humanos como co-constituintes da realidade, enfatizando a inseparabilidade entre agentes, práticas e tecnologias.

Sociotechnical Entanglement Framework (SEF)

 

Multimídia

Confira neste vídeo uma reflexão sobre os riscos de uma formação em computação voltada apenas para a técnica. A proposta é adotar o Design Especulativo como alternativa para ampliar a imaginação e estimular uma visão crítica sobre os impactos sociais, éticos e ambientais das tecnologias no cotidiano.

Enfrentando os Desafios do Tecnicismo Reducionista na Computação

Repositório Zenodo com Material

https://doi.org/10.5281/zenodo.15380760

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